Imagine que você está exaurido e, em suas últimas forças, consegue chegar a um generoso
pomar. O que fazer? Beber água. Mas toda a água? Dormir um pouco. Mas até anoitecer? Comer das
frutas. Mas quais delas antes e quais depois? Resposta: Você deve sintonizar uma necessidade de cada
vez e a satisfazer com moderação.
Ainda no pomar. Não há mais ninguém, nenhuma ameaça, nenhuma competição. Você
experimenta sem pressa. Saboreia. Sente o resultado. Fica feliz. Sente gratidão. Faz uma nova escolha e
coleciona todas estas boas experiências. Nisto consiste a sabedoria.
Sem essa motivação, conhecer o pomar e tentar deduzir algo sobre seu proprietário é tarefa
ingrata. Se você não experimentar, vai continuar com fome. Se não confiar e relaxar, vai continuar
cansado. Se não se inclinar até a fonte, vai ver o brilho da água e ter sempre a boca seca.
O que se pode conhecer de Deus está revelado na natureza, na imaginação e nas histórias
contadas com honestidade. Estar bem vivo é a verdadeira teologia. Toda criança deveria estar apta para
isso. É um potencial que precisa ser resgatado. Não consigo pensar em um propósito melhor para a
existência. Escolher de verdade. Conhecer de verdade. Confiar de verdade. Ter paz de verdade.
Uma coisa impede a gente de fazer a escolha certa: o medo da morte. Em geral, quando uma
pessoa perde tudo o que pensa possuir, apenas aí ela consegue escolher certo. Ela quer saber o
propósito da existência, ela quer conhecer o caminho. Alguém pode dizer: “É o que mais quero,
entretanto não consigo compreender”. Tal tesouro lhe será entregue sem que de
fato não o deseje acima de tudo? Esse é o divisor de águas. Basicamente, existem dois tipos de pessoas.
Para todas as pessoas a natureza diz: existe perfeição, existe beleza, existe um propósito. O convite é
permanente. Quem fica nas trevas é porque gosta de lá.
Amar a vida é confessar uma religião e fazer de conta que ama um deus? Não.
Amar a vida é
odiar o que faz mal para a vida. Amar a vida é compreender que Justiça e Verdade são inegociáveis.
Quem ama a Justiça e a Verdade, ideais difíceis de seguir, esse ouviu o convite e se apaixonou pela
existência. Se uma pessoa dá um passo sincero nesta direção, Deus jamais desistirá dela.
As primeiras famílias da terra experimentaram isso como ninguém. A história, contada de pais
para filhos e por fim registrada na antiga escrita hebraica, afirma, no primeiro livro de sua biblioteca, o que hoje nós também sentimos. Não fomos feitos para
morrer.