Seja bem-vindo.

Aos poucos deixarei aqui algumas impressões. Talvez o meu mundo seja parecido com o seu. Nele, uma grande luz brilha, cada dia mais intensa. O "Sol da Justiça", tão fácil de explicar, tão difícil de entender. Não sejam as minhas palavras, mas uma brisa que alivie o estado ruim de nossas almas.


Aos poucos deixarei aqui algumas impressões. Talvez o meu mundo seja parecido com o seu. Nele, uma grande luz brilha, cada dia mais intensa. O "Sol da Justiça", tão fácil de explicar, tão difícil de entender. Não sejam as minhas palavras, mas uma brisa que alivie o estado ruim de nossas almas.

Semelhantes

Escrevo simplesmente para mim
E para alguém que como eu goste de ler
Dos outros que são parecidos comigo.
Os demais, difícil entendê-los.
Buscamos algo de nós
Felicitamo-nos por saber que somos semelhantes
Terapeuticamente semelhantes.

mente solteira, ilha sem ti.

saí a caminhar descalço na estrada de terra em busca do silêncio.

Achava que seria difícil encontrá-lo, mas ele sempre esteve ali.

Não no destino escolhido, mas na caminhada.


dirigiu-me para o deserto e lá havia abundância.

Não me faltou a água fresca, o doce cajá e Sua Palavra;

o sol curativo, o banho de rio e três pequenas goiabas.

Os pássaros falaram-me de Tua fidelidade,

as pessoas me falaram de Teu amor.


No meu repouso à noite faltou tudo.

Orei a Ti e o tudo voltei a entregar-Te.

Fardo leve tomei pois guardas meus amores,

antes de serem meus são Teus.


O toque mais delicado deste vento,

leve o mensageiro à minha esposa.

Na fronte a brisa, no coração a paz,

tristeza na partida, alegria no chegar.


Eis que logo chego princesa deste reino terra.

Justamente fui averiguar os seus domínios,

que és dona das praias, dos frutos e do porvir.

Sejam seus próximos dias de reinado,

com autoridade sobre o mal que teima a ti.


Forte, bela e generosa sempre fostes,

por isso minha alma se lhe apegou.

Esse cristal com leveza tomaste,

o qual pertence eternamente a ti.

O CERTO

Fazer o certo é edificar.
Uma edificação trás em si
uma série de benefícios e possibilidades.
Fazer o certo é lutar
no centro do maior e mais antigo conflito
entre a ordem e o caos.
Fazer o certo é errar
para entender que ninguém faz bem certo,
que é preciso insistir em acertar.
Fazer o certo é acreditar
na vitória do bem, um dia;
no perdão que se não merecia,
no perdão que nos impõe amar.

meu grande amor

Quando estás longe

escrevo pra você anjinho

feito da única pura luz

para ser a minha luz.

Nada mais especial do que o amor.

Um novo amor a cada dia

o mesmo amor sempre seria

todo dia e todo amor

só pra você.

Escrevo-te anjinho da minha vida

nos livros dos céus escreveria

a tornar eterno nosso ato.

És única feita minha amiga

tão íntima desde o alvorecer de nossas vidas

pois ainda que não te conhecia

como precisa do céu a terra

do sol a flor

eu precisava

eu preciso de você

meu grande amor.

O ALVO

Se oscilo à esquerda e à direita do alvo, aborreço a todos e também a mim. Mas estou seguro de que um dia deixaremos de oscilar. Tudo se altera, exceto o alvo.

DE ÁGUA

O ônibus parte – e eu procuro entender a mim mesmo:

Uma vida, dois viveiros, quatro vivências.

Vitalidade que escorre em degraus

e se acumula e se finda

em pequenos recipientes,

subsequentes,

lagoas.

Qual será, quando, o sumidouro

onde todas as águas convergem e cessam

de burburinhar, sem bolhas, sem ciscos

onde a água une-se à terra, cala-se?

Já não serão mais águas, de fontes e caminhos

mas tão somente a água, um sólido, eterno,

massa engessa, cristal, oculta

onde as vidas somem

transcendem

na rocha.

INSTANTÂNEO

Que meu egoísmo Senhor, possa estar menor a cada dia.
Farei o possível e espero que seja o suficiente.
O impossível pertence a ti. Cá estou a depender da tua bondade.
Que teu perdão possa aproximar-me de ti;
e quando ao longe eu avistar a tua vinda, 
meu coração esteja tomado pelo teu amor;
minha mente cativa pelo teu conhecimento, 
meu espírito purificado pelo teu sangue.
Viveremos assim, felizes para sempre.
Uma eternidade que já experimento, em todos
os bons momentos de gratidão.
Teu dom eterno de ser, compartilhado com um sem número de seres,
em uma breve história do tempo.

FALA

O Messias fala com você 
na suavidade do coração, certamente 
quando os ruídos da vida se fazem distantes
e sentimos nosso eu verdadeiro.
A tua alegria ou pesar são do Senhor conhecidos.
 Alegria por ouvi-lo,
 pesar pelo tempo que passou.

Avinu Eloheinu

Pai de amor e justiça, único auto existente;

Oro por todos os que amam a verdade;

Em ti não há 
sombra de variação, Santo és;

Reine eternamente, também aqui;


Tua vontade é boa, perfeita e agradável; 

Céus e Terra te louvam, criador e mantenedor da vida;

Por tua luz, a qual nos sustenta, agradecemos;

Perdoa-nos e que haja perdão em nós;

Não nos deixe desistir jamais;

Livra-nos da inclinação para o mal;

Diante de tua majestade evocamos;

Em verdade, para que julgues, Santo 
יהוה

vai lá saber qual é

Por estes dias, ouvir-se é raro. Não é um som. Você precisa virar-se e olhar nos olhos. Você precisa ser livre para mover a cabeça e depois os pés. Mas o medo enrijece. Para seguir no movimento que te guiará ao Éden, seja na tua própria alma o sussurrar da verdade. Que a morte é em nada, enquanto há tempo. Rasga tuas pálpebras, olha para a vida, agarra o intento, se dele houver honra, justiça ou alento.

Tao e Quao

se caminhamos com o sol às costas
sempre teremos à frente sombras.
se escolhes o caminho do vento
este para longe te levará.
contra a natureza se batalha por um tempo,
no tempo da natureza.

cansado te entregas à sorte, que não existe,
te entregaste ao cansaço apenas.
não há pressa ou brevidade
no movimento que te faz você.

"A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”

(Arthur Schopenhauer, 1766-1860)

Quem já não teve essa sensação?

Animais satisfeitos dormem. Homens e mulheres satisfeitos perdem o sono.
Os animais tem fé em si mesmos, na capacidade que lhes foi dada e isto é suficiente porque não pretendem nada que não lhes seja próprio.
O humanos encheram-se de necessidades para sentirem-se superiores.
Para os animais a vida é Deus.
Os homens traíram a natureza pois não se sujeitam à simplicidade. Querem ser deuses de si mesmos.
"Reconhecer a Autoridade do Criador é o princípio da Sabedoria. O caminho do conhecimento é a palavra do Justo" (Livre interpretação de Provérbios 9:10)

Salmo 6001

Concede-nos Senhor habitar em teu reino,
pois nos apaixonamos por tua perfeição.
Tu és o que não conseguimos ser,
entretanto o seremos, se quiseres.
Aguardamos a este dia desde
que nos anunciaste tua salvação.
Teu nome esta sobre nós pois Tu nos poupaste.
A cada manhã vemos o pão sobre a mesa, 
o preparaste para que nos lembremos de ti,
que não estamos sonhando.
Verdadeiramente Tu és O Altíssimo.
Verdadeiramente nos amas.
Verdadeiramente.

PARABOLE

 A infelicidade é ponto, obrigação

por onde deve o ponteiro sim passar.

Tolice seria o desejo de só rir,

de fugir, de não chorar.
é
do
ser
gota
pouca
vívida
cristalina
forma oca
sopro e vento
espaço e tempo
segue amplo silêncio
retilínea aventura do ser
instante e não - veloz ao chão
caiamos livremente em sua gota:
veja que doce, santa e fértil a lágrima.

Obstáculos a nós mesmos
deixemos de ser, frustrados
deixemos de ter, amparos
do fato, para o vácuo, para o vão.
Óh infeliz, este sim, que clama ao sofrimento
dizendo: não o quero!
Catarata, sombra, arcada
em si mesma qual enxada
abandonada a pender no chão.

Quebrem-se as expectativas
e com elas o homem.
Há de se moer os pés
dos cavalos de guerra, empinados seus cavaleiros

e nomes de ser,
na matemática vital da perda.

Tudo que se forma, soma
força e potência pra cair.
Fica o pó, que permaneça
Ao pó, tudo o que enriqueça!
Viva o tênue, o sem massa,
O Pó das Letras, viva! O
Sumo mestre das parábolas.

I. O propósito

     Imagine que você está exaurido e, em suas últimas forças, consegue chegar a um generoso pomar. O que fazer? Beber água. Mas toda a água? Dormir um pouco. Mas até anoitecer? Comer das frutas. Mas quais delas antes e quais depois? Resposta: Você deve sintonizar uma necessidade de cada vez e a satisfazer com moderação.
     Ainda no pomar. Não há mais ninguém, nenhuma ameaça, nenhuma competição. Você experimenta sem pressa. Saboreia. Sente o resultado. Fica feliz. Sente gratidão. Faz uma nova escolha e coleciona todas estas boas experiências. Nisto consiste a sabedoria.
     Sem essa motivação, conhecer o pomar e tentar deduzir algo sobre seu proprietário é tarefa ingrata. Se você não experimentar, vai continuar com fome. Se não confiar e relaxar, vai continuar cansado. Se não se inclinar até a fonte, vai ver o brilho da água e ter sempre a boca seca.
     O que se pode conhecer de Deus está revelado na natureza, na imaginação e nas histórias contadas com honestidade. Estar bem vivo é a verdadeira teologia. Toda criança deveria estar apta para isso. É um potencial que precisa ser resgatado. Não consigo pensar em um propósito melhor para a existência. Escolher de verdade. Conhecer de verdade. Confiar de verdade. Ter paz de verdade.
     Uma coisa impede a gente de fazer a escolha certa: o medo da morte. Em geral, quando uma pessoa perde tudo o que pensa possuir, apenas aí ela consegue escolher certo. Ela quer saber o propósito da existência, ela quer conhecer o caminho. Alguém pode dizer: “É o que mais quero, entretanto não consigo compreender”. Tal tesouro lhe será entregue sem que de fato não o deseje acima de tudo? Esse é o divisor de águas. Basicamente, existem dois tipos de pessoas. Para todas as pessoas a natureza diz: existe perfeição, existe beleza, existe um propósito. O convite é permanente. Quem fica nas trevas é porque gosta de lá. Amar a vida é confessar uma religião e fazer de conta que ama um deus? Não.
     Amar a vida é odiar o que faz mal para a vida. Amar a vida é compreender que Justiça e Verdade são inegociáveis. Quem ama a Justiça e a Verdade, ideais difíceis de seguir, esse ouviu o convite e se apaixonou pela existência. Se uma pessoa dá um passo sincero nesta direção, Deus jamais desistirá dela.
     As primeiras famílias da terra experimentaram isso como ninguém. A história, contada de pais para filhos e por fim registrada na antiga escrita hebraica, afirma, no primeiro livro de sua biblioteca, o que hoje nós também sentimos. Não fomos feitos para morrer.

A OUTRA FACE

O final do século mais terrível e extraordinário da moderna história humana encheu-nos de uma inebriante expectativa. Toda excitação experimentada nos segundos que antecederam a virada do milênio permanece, porém, congelada.

Iniciamos o século XXI e as palavras do pregador se fazem ouvir. “Não há nada de novo debaixo do sol”. Seja pelo controle de uma reserva petrolífera, de um morro carioca ou de um posto de trabalho – não existe paz. O sistema intrínseco à natureza humana progride e adquire formas complexas e globais. A opressão, denunciada pelos profetas e novamente condenada por Jesus, adquire legitimidade política pelo uso da razão: “O homem é o lobo do homem” (Thomas Hobbes).

O ser humano segue em sua luta desesperada pela sobrevivência e se esquece da vida. É natural que uma etnia, uma religião ou uma torcida de futebol motivem seus integrantes à violência desmedida contra eventuais adversários. Também é inevitável que os Estados reajam contra tais demônios e assim temos uma nova Guerra Santa. Todas as guerras deste nosso novo milênio serão santas, inquestionáveis e purificadoras aos olhos dos que sobrevivem. Na contramão estão os que perecem.

Ai, ai, ai – disse Jesus, dos ricos, dos que estão fartos e dos “homens de bem”. Revivemos os segundos congelados daquele réveillon de 1999. No silêncio da oração, toda a ansiedade de quem sonha com um mundo melhor é lançada sobre Cristo. Ele nos consola. A tristeza dá lugar a uma motivação: Naquilo que depender de nós, devemos oferecer a outra face.

O MONTE

Não quero mais o infinito
Desisto de quase tudo, estou enjoado
Daquilo que não cabe em mim.
Obtuso, abjeto, pontiagudo, sem nexo
Estou cansado do vasto, do complexo.

Troco a vertigem e o vício,
A confusão dos debates me enlouquece.
Abstenho-me, chega de ponderar sobre o abismo
O irreal e vertiginoso abismo adoece-me
e não toco-lhe jamais com os pés.

Adeus à caixa de brinquedos velhos
Deformados para impressionar, não suporto,
Peso da alma e enfado, velhas correntes,
Nós sem fim, borrão de tinta no imprestável.

Há um tesouro genuíno, oculto aos sábios
Há uma forma sem arestas, uma pérola
Pequena e perfeita ideia, sem conflitos
A simples verdade, inerte, modesta
Do silêncio, da calmaria, da brisa
Incapaz de hostilizar, seu poder é ser por si.

Não há o que contestar
Diante do imenso, infinito monólito
Os cegos o apalpam
Os dóceis vagueiam em sua sombra
Os tolos tropeçam
Os obstinados dão-lhe com a cara.
Todos circundam o monte
Que proclamamos ser o muro
Dado seu diâmetro
Cada ser toca-lhe uma parte
E por parecer tão enojante a ideia
De uma vida tão plena e simples
Muitos se afastam
Desejam jamais ouvir a sua voz.

Coloco-me a contemplar as minúcias
Com o carinho que é devido a tal enigma
E em cada tábua estendida
Pelos homens chamada a sua
Única, indizível
Vejo as mesmas marcas, são unas
Multiformes emanações da mesma graça.

Eis a questão.

No vórtex do ego, utopias, emoções e velhas estórias se entrelaçam e esvaem. Cabe ao piloto desta nau apontar da proa. Para uma ilha deserta. Para seu grande amor. Para uma figura de revista, para o centro da terra, para os céus. Vasto mundo. Poucas opções. Antigas, sempre duas, vastas, opções.

TODOS

Messias hebreu da pele escura. Quero ser seu amigo. A vitória no madeiro, é a vitória que desejo. Enfrentaste a morte, revelando o que é ser livre. Com medo da morte as pessoas cometem seus maiores erros. "O perfeito amor lança fora todo o medo". Só é possível pela fé. A mesma que levou Abraão ao monte da adoração, pois acredita que pertencem ao Criador a vida e a justiça. Neste Pessach, livra-nos do medo, aumenta a nossa fé. Pessach é ruptura com os velhos erros. Somente ao Criador seja a adoração, pois ele fez homens, mulheres, pretos, amarelos, brancos e suas misturas sem fim em iguais. Todos precisamos de perdão.

Coragem meus amigos

Deixe-me contar da minha experiência. A confiança vem por se aproximar do Criador e reconhecer sua natureza benevolente e fidelíssima, o seu amor. Geralmente ocorre quando estamos sem saída, dispostos a suplicar com humildade, nos arrependendo dos erros dos quais seremos lembrados. Feito isso, você recebe o dom da fé. Pedindo segundo o que Deus já conhece sobre você, vem a certeza de que o problema foi resolvido. Guarde esta certeza com carinho e gratidão, combatendo a dúvida com as promessas bíblicas e louvores. Milagres acontecem todos os dias, mas é comum criar expectativa e no dia esperado, nada. Reflita se de fato você seguiu o roteiro acima. Caso positivo, siga confiante e alegre-se. Deus fará algo muito melhor do que você imaginou, isto é certo. As bênçãos de Deus vão te suprir com vista a torná-lo espiritualmente adulto. A confiar mesmo em circunstâncias adversas e te dar o maior tesouro que existe: Você mesmo.

Ecumenismo.

Estou aterrorizado. Os bárbaros, que cometiam suas barbáries em pequenos quartinhos de empregadas, nos fundos de quintal espancando crianças, nas negociatas em desfavor do mundo pobre, no submundo em desfavor de qualquer um, agora cometem suas barbáries em qualquer lugar. Para os que chegaram a sonhar com civilização, foi um espanto. Para os marginalizados, mais do mesmo. Só estou achando difícil, por falta de costume, levantar o tacape sem que tremam as minhas mãos.
                                                                  

Roooooot brow

Senti uma grande necessidade de começar uma nova história mas não tinha ideia do nome. Há um tempo entendi minha afinidade com o número dois. Nas diversas línguas semitas, Beit, a segunda letra, significa casa. Então BEIT NEPHAR, "casa ferreiro", em homenagem aos Semitas da atual Turquia que migraram para a Etrúria, na península Itálica, por volta do séc.VIII a.C.; precursores da Idade do Bronze, segundo consta prezavam pela higiene e valorizavam a individualidade da mulher.

Naturalmente bom.

Veja a história, se é verdade não sei. Que os etruscos eram amigos das etruscas e os cínicos eram amigos dos cães. Talvez porque os etruscos vieram da Lydia e os cães das cadelas.
Arqueologia Etrusca

Mudanças.

Andei pensando em mudar de nome. Já que a gente muda todos os dias, porque não mudar de nome? Mudam-se, assim espero, os adjetivos. Mudam-se freneticamente os verbos. Porque não mudar o nome para aquele que eu puder ser? Muda-se logo hoje, para que amanhã a gente veja no que dá; e se não deu, a gente muda de novo, como mudam as flores e as penas. E tudo fica feliz pois continua como sempre foi.

Lava o meu interior.



Mais estéril da educação

    O psiquiatra prescreve como se o cérebro não pertencesse ao corpo, e assim cada área do conhecimento erra muito por se especializar antes de conhecer a natureza. Dizem que não há tempo. Digo que estamos enganando e sendo enganados. Alienação em tudo que sagrou-se digno de atenção. Pais, filhos, educadores, administradores, políticos, produtores de conteúdo, acadêmicos, jornalistas, comerciantes, consumidores, etc., com raras exceções, são idiotas úteis. A culpa é dos alunos? Também.
Sou da opinião de que os cabeças assumem voluntariamente uma missão de maior responsabilidade e risco. No filme "Deuses e Reis" 2014, Seti disse à Moisés:
"É uma das ironias mais deprimentes da vida, que os sedentos por poder sejam os mais aptos a conquistá-lo e os menos aptos a exercê-lo."

guns and roses

alça e massa, ou o povo.  máquina e operador.
na miséria espiritual uma arma é do que menos precisamos.
opera a justiça quando se tem juízo. custa o fígado aos insensatos.
em tudo vejo rosas e armas.

ACORDA ELIAS

 ELIAS (ELIYAHU)

  • Acorda Elias! 

Era a sua mãe a chamar.

  • Acorda!

Viu a folha de metal, o teto. Novamente aquela vibração que tomava conta do casebre, “mrmrmr”… Buscando firmar o raciocínio, na penumbra, analisou alguns detalhes da mesinha ao seu lado. Frestas antigas na tábua. Era uma boa tábua, pesada, uniforme. Umas marcas no centro indicavam ter servido a muitos trabalhos, sem que no entanto se quebrasse.

Como era seu costume expressar o que pensava, disse - Linda tábua - e suspirou.

O dia estava ganho. As mesmas pessoas, as mesmas situações. Uma previsibilidade que favorecia o ócio. Antares lhe daria algo para comer.

Pela manhã, nem fome nem sede sentia. Apenas a mesma melancolia, sobre um mundo que não parava. Como a vibração do telhado, que no entanto continuava lá, imóvel. Fazia tempo que residia naquela pequena casa, feita em um canto de muros, uma porta, uma janela. Um de seus avós a tinha construído, antes de ir-se, ninguém sabe para onde. Sumiu.

Aos poucos o céu se iluminava e era nítido. Nenhuma nuvem.

  • Dia lindo. Graças a Deus! - era sua oração da manhã.

  • Graças a Deus. - confirmou a si mesmo.

Já se podia ver o caminho que levava às ruas de baixo. Pôs-se a andar. Elias era um rapaz curioso. Sem pressa, via sempre as mesmas coisas, pequenas flores, vespas iniciando suas tarefas. Uma delas preparava-se limpando criteriosamente suas antenas, sua cabeça e depois levando as patinhas à boca. Levou um tempo, o tempo das vespas, e decolou no caminho do vento.

  • Bom dia! Bom dia!

Esta era a mensagem para cada cachorro que, invejoso do passeio, latia com sua aproximação. Elias era jovem, mas já não precisava ir à escola. Assim, finalmente, não era obrigado a mais nada. Seus dias tornaram-se longos. As noites infinitas. Isso porque Elias sonhava muito. Sua biblioteca de sonhos já não se podia estimar. Folhas e mais folhas, todas soltas, misturavam-se em um mar de histórias que davam até calafrios. Por isso que às vezes Elias tinha pesadelos. Sob as páginas, nas sombras, as letras resolviam se embaralhar e sobrecarregavam o pensamento dele.

Sombrio nos pensamentos, alegre no caminhar. Preocupava-se com o inevitável e sorria.

  • Bela árvore.

Deteve-se diante da velha conhecida. Como estava com pressa, apenas tocou a contorcida casca, piscou lentamente como que a receber uma resposta e foi-se.

Pressa? Na verdade, ele estava um pouco atrasado. Uma vez que fazia questão de sentir, sempre lhe restava pouco tempo para avançar. Mas chegou.

  • Olá, bom dia. Tudo bem com você Luzia?

Luzia servia um aquecido creme de cafeína, na esquina onde começa a Avenida das Confusões. Para Elias ela o fazia gratuitamente, todas as manhãs.

  • Bom dia menino.

O sorriso da terna senhora era incomparável. A Estrela da Alva e o calor do Sol. Se um dia não houvesse mais o creme, o sorriso certamente bastaria.

  • Você viu como esfriou?

A pergunta não fez sentido, mas Elias respondeu, em uma competição de contentamento.

  • É. Bom que a gente pode tirar o cobertor do armário. Fica tudo bem.

  • Fica.

Respondeu a avó, senhora daquela esquina, amada dos transeuntes.

  • Deus te abençoe e te guarde. Obrigado!

E saiu soprando o creme fumegante no copinho de isopor.

Seu destino era claro. Precisava alongar o corpo. Mas que preguiça! Só com as faíscas de Antares é que teria motivação para fazê-lo. Mas Antares estava na Praça Florida e a praça estava no coração da velha cidade.

Sua descida pela grande avenida lhe dava um misto de curiosidade, medo e revolta. A alegria o esperava no final do trajeto. Já podia senti-la, gestacionando no peito. No entanto, em seu trajeto, a paisagem reimprimia em seus olhos a lembrança que amargamente o incomodava.  Via pessoas pela calçada, fugidias em seus olhares tristes. Cofres bem trancados por seus donos, suas chaves escondidas sob dezenas de culpas. Lojinhas de tudo que Elias não precisava. Monstros furiosos a cruzar em cada esquina, ávidos por sangue. Seus cascos equipados com a última geração de marteletes. Saiam de suas cavernas com a função de fazer dano e danarem-se.

Assim, Elias percebia que a realidade era dura, os corações inclinados à maldade, e o futuro incerto.

Superou mais aqueles obstáculos. Outrora diria, “Malditos! Malditos todos!”. Hoje conseguiu chegar à praça sussurrando bênçãos. O escudo que guardava Elias era invisível. Infalível também. Lá, como os sons e os horrores dessem trégua, um raio de sol trazia o improvável brilho das flores. Pequenas abelhas brotavam das narinas da terra e bailavam. As pessoas mais sãs que se podia contar entre os viventes, agora esticavam-se nos bancos da praça. Olhares sérios de quem compreendeu a vida, e sorrisos no partilhar de qualquer comentário inocente.

Neste lugar também se achegavam os miseráveis. Sucumbiam, privados de qualquer esperança. Entretanto ainda estavam lá. O dia do acerto pode demorar um pouco para os que já colecionam algumas cartas de bondade.


ANTARES (Rival de Ares)

E lá estava, como esperado, Antares.

Antares é viúva. Do seu marido pouco me contou. Que morreu na guerra. Que comandava um batalhão. Não tiveram filhos. Depois disso, Antares dedicou-se a ouvir e observar. Quando aprendeu tudo o que se pode saber sobre o medo, só então pôde viver.

Assim, ela tem por costume sorrir, longamente. Seus olhos reluzentes sobressaem à renda que as rugas delicadamente colocaram nela, por véu.

  • Bom dia senhor Elias! Dormiste bem? Como está tua mãezinha?

Olhou-me nos olhos e me saudou com um beijo no rosto. Assim, era muito fácil desejar sempre a sua companhia.

  • Toma cá teu desjejum.

Enquanto eu comia a massinha de aipim, aquela amável senhora me disse.

  • Sabe Elias, ainda estamos em guerra.

Agucei minha atenção, como se já soubesse da notícia. E ela continuou.

- Tudo leva tempo e preparo, até se construir. Do início das chuvas, até chegar em sua mão, este bolinho demorou toda uma estação para se formar. O aipim desejava existir. Então criaram-se a terra e os céus, para onde foram morar as nuvens. Juntos formaram o aipim, que no entanto lançou-se, desde o seio da terra, a crescer. Antes que eu termine esta história, o bolinho não mais existirá. Perceba assim, como é fácil destruir. Destrói-se muito rapidamente, o que centenas de corações sangraram para formar.

Olhou para o chão, o lençol de todas as almas, e continuou.

- No princípio, a terra e os céus firmaram um pacto. Os céus então enviaram os seus mensageiros, a cuidar de que a terra faria a sua parte. Todos eles, a cada semana, trabalham diligentemente para construir a perfeição. Por sua vez, inevitavelmente, os aprendizes do mundo, nos campos de suas variadas colheitas, perecem. Resta-lhes a história, de seus atos de bravura e de suas vergonhas.

- Eu queria uma batalha em que pudesse morrer de forma honrada. - Lamentei.

- Calma filho - continuou a voz da sabedoria. - Está tudo em seu lugar. Esta batalha começou no dia em que você foi gerado. E você já está morrendo, não tenha pressa. Não cabe a você escolher o momento em que o fiel da balança irá estacionar. Pense assim. A cada manhã, tudo recomeça. Como o sol está sempre nascendo, é sempre uma refrescante manhã. O passado é uma herança, de coisas boas e más. Escolhe já para que lado se inclinará sua vontade e está feito. O dia acaba ao pôr-do-sol, quando somos visitados pelos exércitos dos céus. Hora em suspiramos “y - áh..” Inspira e expira, e todo o seu dia passa diante dos seus olhos. Em justa medida nos é dado o pagamento. Paz para os que lutam legitimamente. Expectativa de morte para os que, aficionados, cavam seus próprios ventres com as mãos. Escolheremos novamente, se outro dia tivermos. Quando por fim tombar a velha árvore, tornar-se-á conhecida, pelo lado no qual seus ramos deitou.

O GRANDE MAR

A instrução passada por Antares fervilhou no pensamento de Elias. Olhou, como nunca antes, o infinito céu azul. Imaginou seus exércitos, sentiu no peito a vibração de incontáveis carros de guerra. O espírito do vitorioso achegou-se a ele. Viu-se completamente livre e as possibilidades eram como o céu. Naquele dia, Elias amou mais do que de costume. Cada palavra sua continha a singeleza da harpa, e a força do trovão. Todos da praça o saudaram. Deu o menino, a cada um dos seus amigos, o que mais necessitavam.

Quase à hora nona, estendeu Elias o olhar para além do caminho que descia da praça florida até o mar. Daquele ponto não se via o mar, apenas a longa avenida a ocultar-se na bruma cinza, entre os prédios. Por ali nunca passara Elias. Nem por isto os seus passos vacilaram. Os seus pés sentiam o chão, como se o apalpassem. Mesmo quando a praça sumiu lá trás, com suas flores e perfumes, nada temeu nosso jovem aventureiro. Ao fim do dia viu no horizonte o vulcânico sol, a se deitar sobre as águas de baixo. Ali encerram-se os trabalhos de Elias, com os quais se ocupava desde menino. Na areia macia, ainda quente pelo sol que o deixava, Elias dobrou seus joelhos, curvou seu tronco, fechou os olhos, estendeu seus pés, descansou suas mãos à frente. Apoiou sua fronte sobre as mãos, respirou e disse:

- Bendito és Tu, Deus Eterno, nosso Pai, Rei de todo o universo, que criaste os céus, a terra, o mar e tudo o que neles há. Bendito és Tu, ó Altíssimo, Santo em todos os seus caminhos, único e verdadeiro Senhor, nossa vida, justiça nossa e salvação. Senhor do dia e Senhor da noite. Tudo te pertence. Toma mais uma vez as nossas vidas, revela-nos teu amor. Tua misericórdia nos alcançou e tua fidelidade vai adiante de nós. Descansamos em Ti e temos paz. Paz seja com os teus filhos, com todos os que gemem por causa das injustiças que se cometem na terra.

E tantas outras palavras, grandes e firmes, declarou Elias naquela noite. Por fim adormeceu. Naquela noite não fez frio. O mar respondeu, por milhares de vezes, à oração de Elias: AAAAAAA - MEEEEEN.


A ROSA (HOSHEA)

Acordei quando prenunciava a aurora. Lentamente, como deve ser, foram se ligando os meus nervos. Sem telhado, sem previsibilidade. Iniciei minha jornada junto ao mar, o grande mar. Fiel aos ventos, trabalha incansavelmente e não se queixa, pois esta é a alegria do mar.

Apenas duas opções; sempre as mesmas duas opções. Seguir ou parar? Crer ou temer? Dar ou receber? Tive que escolher o lado da praia para o qual seguiria. Como já estavam ali os passarinhos, muito antes de mim, procurei ouvi-los. Os passarinhos sabem das coisas.  Do alto, observam as coisas e não lhes falta o alimento. Um bando de trinta-réis voou para o nordeste e eu os segui. Quando silenciam os pensamentos, algumas decisões tornam-se fáceis.

A poucas dezenas de passos logo vi uma boa vegetação. É mesmo lindo, chegar-se a um oásis, pois as árvores batem palmas, recebendo os visitantes. E a água ali era doce. Água pura, que lava as mãos, o rosto, a boca e o ventre. A água é um tipo de luz.

Lembrei-me do povo que para trás ficou. Lembrei-me da minha querida mãe. Chorei por meus mortos. Lágrimas não faltaram e foram, todos eles, sepultados na areia fina do chão.

Poucos foram os animais que ousaram revelar-se. Os peixinhos na água a se multiplicar, alheios aos mundos de cima. As formigas em permanente instrução, falando baixinho aos nossos ouvidos. E os bichinhos no alto das árvores. Estes, eventualmente nos observam e, continuam em seu reinado.

Assim limpo e saciado, sentei-me à sombra de uma bela árvore, a mais experiente e vigorosa. Imaginava a vida, oriunda do profundo solo, migrando, subindo pelas raízes em caudalosa corrente, trazendo à existência aquilo que só existia na escuridão. No ramo mais extremo daquela árvore, desenhava-se um pequeno poleiro. Logo percebi, lá no poleiro encontrava-se o trono dos reis. Primeiro foi o bem-te-vi. Entoou o seu canto e anunciou o início da celebração. Seguiu-no um tucano, e com seu bico apontava o norte e depois o sul. O sul e depois o norte. E esta era a magia do tucano. Como o alto mirante era muito disputado, acomodei-me melhor no chão, pondo uma pedra como travesseiro. Por aquela escada de galhos, saltando de um a um, a figura mais linda foi se revelando e, por fim, alcançou o seu trono. Para a minha grande surpresa o rei era um udu, udu-de-coroa-azul. Verde, amarelo e cintilante, quem já o viu bem sabe, é a mais singela das aves. Também azul na cabeça e na cauda, com dois ricos penachos em forma de colher. Por fim, tem olhos de fogo. O fogo dos seus olhos fizeram toda aquela mata silenciar. Até mesmo as cigarras contiveram-se e eu mesmo, quase parei de respirar.

U-DÚ. Silêncio. U-DÚ. Silêncio. U-DÚ. Silêncio. U-DÚ. Silêncio. U-DÚ. Silêncio. U-DÚ.

De repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a mata.

U-DÚ!! Então do mesmo céu desceu um dourado, reluzente, beija-flor. E eu Elias era uma branca rosa que brotava do arvoredo. Estando eu pleno e meu perfume exalando, veio a mim o beija-flor e cortejou-me. Examinou minha brancura, e a cada pétala como se nelas estivesse escrita a minha história. Fitou minhas entranhas e ainda certificou-se do cheiro e eu… Ah, eu amava aquele beija-flor. Mais ainda do que amava ao ubu, ao tucano e ao bem-te-vi. Mais ainda do que aos saguizinhos, às formigas e aos peixinhos. Mais ainda do que a Antares, do que a Luzia, do que a mamãe. Eu amava o beija-flor mais do que tudo, e toda minha beleza de flor encerrou-se em uma última lágrima, de perfeita alegria. O meu amado então, com seu amor cuidadoso, aproximou-se da pequena gota e a sorveu.

Foi assim, deste modo tão sublime, que eu deixei este mundo. De onde estou agora, espero que você também cumpra a sua jornada, e junte-se a mim.



Pela graça de Deus, o único Eterno.


André Ricardo Nunes, 09/04/2025.